terça-feira, 15 de setembro de 2009

Meu caro amigo "UÓXINTU"... Part 2


Continuando o nosso fairy tale da postagem anterior...
Não leu a parte 1 - Clica aqui  Meu caro amigo "UÓXINTU" - part 1

"E tudo parecia festa... Apenas parecia..."
...Passadas umas duas semanas do nascimento do seu querido filho, Britânia e Klévertson foram registrá-lo no cartório. Puseram as mais belas roupinhas do bebê (azuis e vermelhas, com estampa do Capitão América, compradas numa feira na cidade, tipo shopping do camelô as quais a vendedora jurava que eram importadas) e dirigiram-se à cidade; Fidel os seguindo prontamente, vigilante. 
Ao chegar ao cartório, o escrivão perguntou qual seria o nome do garoto, a mãe orgulhosa tirou o mesmo papel amarelado do bolso e entregou ao funcionário e disse-lhe com orgulho: "Esse é o nome do meu filho, pode colocar desse jeitinho aí, é um nome de ex-presidente dos States, eu ouvi foi no rádio!" . E como, naquele tempo - isso já faz uns anos - o nome devia ser exatamente como os pais desejavam, assim foi feito. Nome registrado, carimbo marcado: UÓXINTU Severino da Silva Sauro.
O garoto ia crescendo forte, inteligente, porém sempre muito acanhado. Aprendeu a escrever seu nome mais devagar que os outros, pois ele não se encaixava nas regras da língua - até suas professoras tinham dificuldade para lhe explicar como soletrá-lo. Assim, ao chegar na 5ª série, passou a aprender inglês (apenas ver seria mais adequado?). Seus colegas, ao saberem seu nome e depois das primeiras aulas de inglês, perceberam que havia algo errado em seu nome. Algo lhes dizia que o nome do ilustre ex-presidente dos EUA havia sido mutilado, maculado, desvirtuado. Eles passaram a zombar do colega com provocações do tipo: "Rapaz, tua mãe é muito b*ur&;r@ , ela não 'ispika inglish' não?", "Uóxintu is on the table!!!", "Tua mãe achou teu nome no 'Filho Nomeator TABAJARA', foi?". 
Aquilo tudo foi abalando o rapaz, sua cabeça girava, a raiva aumentava, e a língua de Shakespeare, da Globalização, foi-se tornando seu pior inimigo. O garoto isolava-se do mundo e da língua inglesa. Seu único amigo era seu querido Fidel. Como ele não conseguia sentir raiva de sua mãe, Dona Britânia,  pela cag#$%¨ada que fizera com seu nome, passou a odiar a língua-origem de seu nome toscamente modificado. Assim, o lema da vida, o slogan do nosso pacato protagonista Uóxintu passou a ser o seguinte: 
"EU ODEIO INGLÊS!!! NÃO SEI, NEM QUERO SABER (E TENHO RAIVA DE QUEM SABE!)". Desse modo, isolando-se e mantendo sua aversão a tudo que se relacionasse ao inglês, nosso protagonista pensou-se protegido de todas as brincadeiras e provocações. Demonstrando seu desinteresse pela língua ele  fechou-se em sua redoma anti-anglicista, sem se importar com Saddans, Osamas, Bushes, Obamas e similares, sempre em companhia de seu fiel Fidel. Mas será que nosso amigo seria feliz em sua empreitada contra a língua inglesa? 
Veja a continuação e última parte da  trilogia em "Meu caro amigo "UÓXINTU"... Part 3".

Um comentário:

  1. "... Algo lhes dizia que o nome do ilustre ex-presidente dos EUA havia sido mutilado, ..." muito bom!

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